26 de março de 2008

Em busca do tempo perdido



Fosse a crónica menos hetero e o próprio Proust a assinaria.

Não sei como será daqui por uns anos, em plena crise de meia idade, mas neste momento estou a braços com outra crise.

Não, não é a do Sporting, nem tão pouco a extinção do Polo Norte em 2015.

Falta de tempo, não no relógio nem tão pouco no calendário, mas o tempo que foi perdido de ontem para trás.

Segundo Proust, se bem o percebi, o tempo perdido remonta a reminiscências passadas que nos surgem frequentemente.

Comigo, surgem através de "dejá vu", não o clássico que nos inspira em longas dissertações sobre a outra vida, mas aquele que surge a cada noite.

É ja o terceiro post deste ano em que as duvidas e os receios de um passado recente alimentam especulações de um futuro próximo.

O fim anunciado do aventureiro aproxima-se, as páginas ja escasseiam, mas antes da ultima crónica ser escrita, vou tirar do baú todos os rascunhos, rabiscos de rascunhos, recortes e afins e elaborar a montagem do filme desta vida.

Pode não estar cá para assina-la, mas termina-a com chave de ouro...

"Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem"
Marcel Proust

4 de fevereiro de 2008

Era uma vez 2004..

Podia começar assim uma história.

Uma história de um tempo passado que está presente a cada saída, a cada ensaio, a cada copo, a cada conversa de café...

Um tempo em que tempo era mais que muito, em que os dias eram noites e as noites não tinham fim.

Quis ser 2004 o ano em que tudo mudou. O "ano" académico. O ano de caloiro, o ano em que rebolava no chão e não "piava", o ano de tuna, de (mais) novos amigos.

Grande ano.

Esta semana, por um ou dois dias que fosse, revivi (parte de) tudo.

A Look perdeu a mística da Quarta-Feira, a pista já não enche, já ninguém se acotovela para chegar ao bar. Acabaram os jogos que tornaram célebres alguns de nós e o tempo, uma vez mais o tempo, de tornar nossas estas noites.

Uma pista em tempos envolta em fumo é hoje marcada por autocolantes vermelhos a que a legislação obriga.
O canto, debaixo das escadas, ponto de referencia para a TOCA, está vazio.
Vazio, ou sem dono fixo.

Pois é. Em tres anos, pouco mais, muito mudou. Mas...isto já foi nosso.

Não haverão por certo muitos que tal possam dizer, ou que tantas histórias tenham para contar.

Na hora em que o fim está (todos os dias) cada vez mais próximo, ainda me lembro da minha "primeira-bebedeira-de-caixão-à-cova-que-foi-de-tal-ordem-que-prometi-para-
-mim-mesmo-que-nunca-mais-iria-beber-como-se-não-houvesse-amanha", no Convivio...

...dias mais tarde constataria que fazer promessas durante uma ressaca era de facto uma treta.

Quase tudo está como antes. Uns bares "apagaram-se", outros despontaram.
Uns partiram, outros chegaram. Houve quem desistisse e quem ficasse.

Haverá também muitos que como eu terão um não-acabar de historias para contar ou para continuar a viver.

A minha,essa, continuo a escrevê-la todos os dias, cada vez com menos reticências mas já com algumas vírgulas.

"Amigos que foram e outros que já não voltam", foi esta a frase que se compôs na minha cabeça segundos depois de beber o terceiro "beirão" onde só há gente boa. Sem sentido no momento, começou a ganhá-lo desde que olhei para o pavilhão do Inatel.

Em 2004 tudo era mais simples. Éramos mais, em tudo.

12 de janeiro de 2008

Problemas de 2008

Já começou.

Menos de duas semanas bastaram para perceber que 2008 se adivinha complicado.

À partida, não tenho soluções para um ano decisivo.

À bom português devo continuar a deixar tudo para a última, à espera que a sorte e a capacidade de trabalho sob pressão dêem a preciosa ajuda que até aqui me tm vindo a salvar o couro sistematicamente.

Supostamente devo deixar de ser estudante este ano. Ou não. Mestrados para tudo e mais alguma coisa abrem a torto e a direito por esse país fora, pode ser que inesperadamente algum me faça pagar mais uns anos de propina.

Propinas, que de resto também aumentam este ano. A máxima está de malas feitas para rumar à ESECB.
Que sirvam para algo mais que consertar o pavimento do Bloco B que os olhos sonolentos das segundas-feiras teimam em não esquecer.

O ministério, que se diz ser do Ensino Superior mas pouco faz em prol do mesmo, anuncía aumentos no investimento.
A Presidência anuncia também também que o "novo" Aeroporto irá para a margem sul. Com humildade afirmo que espero um dia ver o resultado final - ainda ontem fiquei perplexo quando vi no DN que uma especie de gabinete de estudos para o dito aeroporto foi constituido na década de 70. Daí a esta data, trinta e poucos anos nos separam, os mesmos que a estatistica diz serem os de atraso para os grandes colossos europeus. Extraordinário.

Extraordinário é também o cenário no Sporting. Aqui está um exemplo de continuidade a não seguir - a crise de fins de 2007 acompanha a minha equipa de coração para 2008. É preciso muita coragem e sangue frio para assistir a jogos na televisão (a tal ponto que, para mim, quem desembolsa 40 e tal euros para ir ao estádio ver a miséria in-loco, ou é herói ou estúpido).

Continuam os aumentos, os assaltos já eram noticia habitual nas gasolineiras, agora passam também para as padarias. Pagar mais 30% que no ano passado é digno de um telefonema para a policia e consequente denúncia de roubo.

Pus-me a pensar, se de facto a minha semanada se visse reforçada em 30% eu casava-me!! (pelo registo civil é certo, que o tempo não e de euforias...)